Conhecemos de perto a história de Marquinhos do Olho D’Água, nasceu no sítio Carnaúba dos Marcos, divisa dos municípios de Farias Brito, Crato e São Pedro do Cariri, hoje Caririaçu. Filho de Marcos Pereira Neto e Antonia Clarinda de Jesus, o pai morreu encourado no lombo de um cavalo enquanto pegava um boi no sítio Olho D’água das Cacimbas no início da segunda década do século passado. Conforme relatos dos mais antigos o jovem teria saído da Carnaúba tangendo gado juntamente com outro vaqueiro e teve morte súbita ainda montado. Naquele momento calava-se o aboio de um dos homens de maior coragem da região. Sua irmã Joana, casada com o Major Simplício Gonçalo, muito triste com a notícia solicitou que os moradores da fazenda se preparassem para buscar o corpo, e também ordenou imediatamente que outro empregado fosse levar a triste notícia aos familiares da Carnaúba e do Bom Jesus. Em pouco tempo todo o Vale do São Lourenço e a região de Todos os Santos ficou sabendo do ocorrido. Marquinhos, o único filho, tinha apenas um ano de idade e viveu praticamente toda infância sob os cuidados de sua avó materna Dona Cota no Sítio Olho D’água.
Contou-nos Marquinhos que sua mãe ao ficar viúva casou-se com Pedro Ferreira, ao qual o menino passou a tê-lo como pai. Segundo ele, aos onze anos de idade, com a morte da mãe, apesar do padrasto ser uma pessoa muito bondosa, aproveitou uma viagem que o mesmo teria feito a cidade de Aurora onde tinha negócios com um comerciante local e preparou seu cavalinho, vestiu duas roupas, uma sobre a outra e pegou a estrada com destino a casa da avó. No caminho, ao passar na frente da casa da tia Raquel, irmã de sua mãe, não quis conversa ao ser indagado pelo primo Marcos Gonçalo que desconfiado da atitude suspeita queria saber para onde ele ia, e com a falta de resposta imediatamente mandou que um empregado selasse um cavalo e saiu seguindo a trilha do pequeno vaqueiro até a casa da avó para certificar-se do acontecido.
A infância e a juventude de Marquinhos foram vigiadas pela avó e os tios que sempre o trataram com muito amor procurando sempre ensinar a piedade e devoção aos princípios da igreja cristã. Teve uma vida muito próxima dos parentes, participando das festas de casamento, cantorias, renovações e missas principalmente nas comunidades de São Lourenço, Cacimbas, Olho D’água, Todos os Santos, São Sebastião, Bom Jesus e Carnaúba.
Na condução do gado tornou-se pessoa de confiança do Major Simplício Gonçalo, juntamente com outros vaqueiros afamados como o primo e amigo José Gomes. É reconhecido como sendo um autentico vaqueiro sertanejo, o livro “Festa de Apartação – A Vaquejada” da poetisa e escritora cariririense, Alda Cordeiro, natural da fazenda Olho D’água de Santa Bárbara, sopé da Chapada do Araripe, Nova Olinda – CE, registra a façanha de vaqueiros afamados da região. Na relação dos homens do gado é citado o nome de Marcos Pereira da Fazenda Cacimbas e seu fiel companheiro cavalo Asa Branca.