quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

NOTICIAS DE CARIRIAÇU

Edição da Revista Região em 29 de Janeiro de 2012. Traz informações sobre a administração do então prefeito Raimundo Rodrigues Sobrinho e imagens de Marcos Gonçalo Neto e Gregório Alves da Cunha,pai e filho mortos em desastre automobilístico no dia 18 de outubro de 1981 quando retornavam de uma visita a familiares no sítio São Lourenço. Primeiramente aconteceu um acidente na Serra dos Pilões a 10 quilômetros de Caririaçu, onde faleceu Gregório que era vereador. Infelizmente, o veículo que prestou os primeiros socorros às vitimas acabou capotando próximo a cidade de Juazeiro do Norte e vitimou o jovem de apenas 18 anos Marcos Gonçalo, que era estudante, funcionário público e correspondente do Jornal O Povo de Fortaleza.

sábado, 21 de janeiro de 2012

DO COURO AO CARRINHO DE MÃO

Em tempos de dificuldades e pouca tecnologia, o homem do campo improvisava o que dispunha para realização das atividades diárias e a solução de problemas ligados aos trabalhos domésticos na roça ou na condução do rebanho.
Encontramos ainda vestígios desse tempo, onde o couro era um produto de grande valor, sobretudo porque era usado de forma variada na fabricação de móveis, vestuários, celas e utensílios, construção civil e diversos produtos artesanais.
No sítio Cacimbas temos alguns açudes que foram construídos através do trabalho braçal de homens que usavam técnicas ultrapassadas para os dias de hoje, mas de grande serventia antigamente até as primeiras décadas do século passado.
A construção dos reservatórios, com a falta de tratores, ou mesmo de carrinhos de mão, era feita com couro de gado estirado e puxado por uma junta de bois.
Conforme Antonio Campos da Silva, agricultor aposentado que mora na sede do município de Caririaçu, o finado Zuza Pereira, da família dos Anjos da Cachoeirinha, exímio artesão, começou a construir carinhos de mão tailados na madeira com uma qualidade muito boa capaz de carregar água sem que houvesse sequer um mínimo vazamento. Com isso, os proprietários de terra, aos poucos constataram a necessidade de substituir o velho costume pela técnica inovadora.
Anos depois, com a inclusão das frentes de serviços de emergência pelos governos – onde os sertanejos alistados no projeto formavam grandes formigueiros humanos numa busca constante em nome da sobrevivência, passando por todos os tipos de humilhação e sofrimento - o carrinho de mão feito de ferro foi bastante difundido na construção de açudes.

Despachos e Catimbós de Frei Junípero - por José Maria Vasconcelos


Convento de São Benedito - Teresina/PI

Na década de 1950, Teresina, de uns 100 mil habitantes, praticamente acabava no Aeroporto, Buenos Aires, Iate Clube, final da Avenida Frei Serafim com o Rio Poti, Vermelha, Piçarra. Aos domingos, a partir das 4 da madrugada, a cidade, tocada pelos românticos sinos da Igreja S. Benedito, quebrava o gélido silêncio para a missa das cinco. Meu pai, Martinho, montava a criança na garupa da bicicleta, partíamos da distante Piçarra para o dever dominical. Bundinha penava no trépido calçamento da Avenida Frei Serafim.

Eu me sentava próximo ao altar. Encantavam-me os lampadários acesos, as dezenas de figuras pintadas na abóbada do templo, o coreto elevado no fundo da igreja, ao som do teclado e muitas vozes. Ao lado do altar, Frei Junípero, baixinho, gordo, barbicha, olhos asiáticos e agitados, irmão leigo, sem letras, sem sacerdócio, batina surrada, terço nas mãos, ajoelhado, extremamente ingênuo e atabalhoado, sempre atento às coisas e criaturas estranhas por perto. Ai de quem se ajoelhasse por trás do frade, ele mirava o malvado, sentia agourentos presságios: “Sai daqui, seu catimbó!” Naquela época, empurrão de padre ou de gente velha valia como lição de vida. Todo mundo suportava.

Os sacerdotes do Convento S. Benedito divertiam-se com as catimbas de Frei Junípero. Bastava um guarda-chuva escancarado, no tablado de madeira do andar superior do convento, para Frei junípero desesperar-se, acender velas, espalhar sal, detonar a fúria paranoica. Certo dia, quase lincha Frei Virgílio, que lhe colocara um pano preto à porta da cela. Frei Junípero enfureceu-se, bateu-lhe com as sandálias e enterrou um feitiço na horta.

Nesta semana, Frei Hermínio, residindo em Roma, contou-me por email, que o esquizofrênico frade, uma vez, no Convento de S. Sebastião, em Parnaíba, danara-se com sacerdote que cultivava uma trepadeira mui florida. De madrugada, Frei Junípero dirigiu-se ao pomar, cortou as raízes da planta, enterrando a ponta do caule com algum feitiço. A coitada murchou, espantando catimbó, aliviando pobre frade.

Se você pensa que mosteiros só abrigam santinhos e angelicais figuras de carne e osso, engana-se. As clausuras também se iluminam de luzes infernais. Se o demônio tentou Eva, em jardim paradisíaco, e Jesus, na gruta do jejum, imagine frades, freiras e pastores. Nós, emplumados de hipocrisia farisaica, especialmente apontando escândalos do clero, esquecemos safadezas e corrupções, no território familiar e profissional.

Quando abordo trapalhadas e catimbozeiras em redor do altar, não tento tripudiar a fragilidade humana, seja padre ou freira, personagens da minha estimação literária, pela convivência feliz com essa gente, que me abriu veredas do bem, mesmo me apavorando com velas pretas.

Frei Junípero faleceu em 1986, em Juazeiro do Norte, terra de seu apaixonado Padim Ciço, a quem invocava despachos e catimbós, fonte de tantas superstições. E chamam isso de fé.

Fonte:http://teste.brasilportais.com.br/blog-literario/6

FREI JUNÍPERO PEREIRA

(Gregório Pereira da Cunha)
Nasceu: 03 de janeiro de 1900 em São Pedro do Cariri-CE
Faleceu:24 de junho de 1986 em Juazeiro do Norte-CE



Ainda jovem, com 27 anos, foi acolhido como postulante no Convento do Sagrado Coração de Jesus em Fortaleza. Fez sua primeira profissão no dia 26 de agosto de 1939. Residiu em todos as casas trabalhando na cozinha, no refeitório, na horta e na portaria. No começo de 1979, já ancião, foi transferido para Juazeiro do Norte-CE, onde ele próprio testemunhava dizendo: “passo o dia rezando”. “Estou me penitenciando”. Pouco se sabe sobre a vida escondida deste confrade, um testemunho de um contemporâneo seu é de que: “era um homem de oração e um bom cozinheiro.

Faleceu aos 86 anos de idade.

Fonte: http://www.procepi.org.br/necrologio.php

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